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Caiu: investigado pela PF, Ricardo Salles pede demissão do Ministério do Meio Ambiente

Saída de Salles é formalizada uma semana após rumores de que ele seria preso em Brasília. Ele sai em meio aos indícios de corrupção na compra da Covaxin

 

Ricardo Salles pediu demissão do cargo de ministro do Meio Ambiente na tarde desta quarta-feira (23). A exoneração, a pedido, foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União. Segundo a publicação, o secretário da Amazônia e Serviços Ambientais da pasta, Joaquim Álvaro Pereira Leite, foi nomeado em seu lugar. Na semana passada, circulou em Brasília que o agora ex-ministro seria preso.

A Polícia Federal apura suspeitas envolvendo Ricardo Salles em crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro. Por tudo isso, Salles é alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Inquérito do ministro Alexandre de Moraes, que motivou buscas e apreensão nos endereços do agora ex-ministro em Brasília e São Paulo, apura indícios de favorecimento de empresas na exportação ilegal de madeira. Um segundo inquérito, conduzido pela ministra Cármen Lúcia, apura suspeita de obstruir a maior investigação ambiental da Polícia Federal em favor de quadrilhas de madeireiros. Ele negava irregularidades.

Derrubadas

No último dia 11, a Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao STF parecer contrário à prisão de Salles. Na ocasião, a PGR se posicionou de maneira contrária ao pedido para afastar Salles do comando da pasta e prendê-lo por obstruir os trabalhos da Justiça na operação Akuanduba.

No começo do mês, Moraes acolheu notícia de fato formalizada por uma advogada, na qual Salles teria ocultado seu celular e alterado o número do telefone no curso das investigações. Segundo a advogada, isso demandaria medidas cautelares para resguardar o andamento do inquérito.

O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, deu por encerrada a questão. Para ele, o agora ex-ministro já havia entregue o celular às autoridades, estando à disposição da Polícia Federal 19 dias após as buscas nos endereços do ministro.

Ambiente hostil

A demissão de Ricardo Salles ocorre um dia depois de Bolsonaro elogiar o então ministro em evento no Palácio do Planalto. “Parabéns, Ricardo Salles. Você faz parte dessa história, desse casamento da agricultura com o meio ambiente, foi um casamento quase perfeito. Não é fácil ocupar seu ministério. Por vezes, a herança fica apenas uma penca de processos”, disse o presidente, durante o lançamento do Plano Safra 2021-2022.

Nesta quarta, após publicação de sua exoneração no Diário Oficial, Salles fez um pronunciamento à imprensa. “Entendo que o Brasil, ao longo deste ano e no ano que vem, na inserção internacional e também na agenda nacional, precisa ter uma união muito forte de interesses e de anseios e de esforços. E para que isso se faça da maneira mais serena possível, eu apresentei ao senhor presidente o meu pedido de exoneração, que foi atendido”, disse.

Salles deixa o ministério quando novas notícias de corrupção envolvendo o governo Bolsonaro ocupam as manchetes. Desta vez, envolvendo a compra superfaturada da vacina indiana Covaxin. No Twitter, a jornalista Andrea Sadi lembrou que o ex-ministro Abraham Weintraub (Educação) saiu do governo no dia em que Fabrício Queiroz foi encontrado na casa do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef.

Porteiro da boiada

Salles, porém é considerado uma ameaça global. Seguidor fiel da cartilha do presidente Jair Bolsonaro para o setor, defendia a exploração “capitalista” da Amazônia, a regularização de áreas griladas em benefício do agronegócio, da mineração e do garimpo ilegal e invasão de terras indígenas. Ideias que em pouco mais de dois anos de governo estão sendo concretizadas por ações de desmonte do Estado e do meio ambiente.

A gestão de Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente foi marcada pela polêmica reunião ministerial de 22 de abril de 2020, no Palácio do Planalto. No evento, o então ministro sugeriu a Bolsonaro que o governo aproveitasse a atenção da imprensa, que àquela altura estava totalmente voltada para a pandemia de covid-19 para “ir passando a boiada” na área ambiental, alterando regras de licenciamento para exploração econômica e desmontando o amparo legal à preservação de biomas.

Mais do mesmo

Joaquim Pereira Leite, secretário da Amazônia e Serviços Ambientais, foi nomeado como novo ministro do Meio Ambiente. Além de próximo a Salles, Leite já ocupou a diretoria do Departamento Florestal da pasta no atual governo.

Antes de ser alçado à Esplanada, o agora ministro teve passagens por empresas de consultoria e do ramo farmoquímico, além de um período como conselheiro da Sociedade Rural Brasileira.

fonte RBA

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