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Por Paulo Malerba

Tendo em vista que a nossa cidade, Jundiaí, padece de alguns problemas, como de saúde, trânsito, violência e mato alto, o prefeito Luiz Fernando teve uma ótima ideia. Para resolver essas questões, dentre outras, ele pensou que deveria atacar um aborrecimento principal, que ajudaria a desembaraçar os demais. Assim lhe ocorreu de elaborar um projeto de lei para impedir os mendigos, artistas e vendedores nos semáforos. Na cabeça dele, possivelmente, toda essa gente ‘diferenciada’ estaria unida para atrapalhar o bom andamento dos carros e da carruagem jundiaiense.

Desse modo, com a anuência de seus vereadores, quinze deles, o projeto virou lei. Também pudera – imaginou ele –, com um mercado de trabalho tão aquecido e uma sociedade que se destaca pelas oportunidades e igualdade, não tem motivo para alguém trabalhar no semáforo, quanto mais para pedir dinheiro.

Aquelas mulheres, homens, crianças e idosos estão quebrando a harmonia de nossa cidade. Os vendedores deveriam protocolar uma papelada na prefeitura e pedir autorização para abrir um comércio de verdade, com portas de ferro, balcão, vitrine, vigilância sanitária. Se não tiverem dinheiro, basta pedir crédito aos bancos, ele está certo de que nenhum se recusaria. Por qual razão alguém não faria isso? Isso é algo que não entra na cabeça do prefeito.

Os artistas, então, ora, os artistas, eles podem registrar sua intenção de se apresentar no Polytheama ou abrir um circo, afinal a arte tem hora e lugar certo para acontecer. Certamente não lhes faltará apoio da prefeitura, são inúmeras ocasiões em que podem se apresentar e serem bem remunerados, para assim viver, como dizem, de sua arte. Até o prefeito desceria de onde estivesse para lhes aplaudir.

Pior ainda são os pedintes, inclusive alguns vereadores dizem que muitos vêm de longe, montados em vans, para explorar a bondade e a caridade do povo de Jundiaí. Todos sabem que é um prazer extraordinário ficar sob o sol e a chuva mendigando alguma ajuda, e que isso é muito melhor que um trabalho de carteira assinada, algo que sobra no mercado. São muitas as empresas que querem contratá-los e tantas outras são as que estão ansiosas para pagar-lhes os derradeiros direitos trabalhistas a que têm direito. Melhor ainda se fossem empreendedores, gerando novos empregos e rendas.

Considerando tudo isso, não restou dúvidas ao inovador prefeito. Agora é agir com energia, colocando os fiscais, a guarda municipal, a polícia, e quem mais for possível para fazer cumprir a nova regra. Essa é a mais acertada e justa lei para o nosso povo viver numa cidade melhor. Depois disso, o prefeito pondera, vai jogar água e sabão para terminar a limpeza que ele pretende fazer nas ruas da cidade.

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