O programa Minha Casa, Minha Vida é, desde o seu lançamento, sinônimo de financiamento barato e de imóveis subsidiados. Por causa dele, milhares de brasileiros estão saindo do aluguel e trocando moradias insalures por residências estruturadas. Mas, devido ao início do período eleitoral, as construtoras que atuam no segmento econômico perderam uma de suas principais ferramentas de marketing: a marca do programa. Desde o dia 1o deste mês, as empresas não podem associar os seus empreendimentos à marca criada pelo governo petista. A proibição se estende até o fim das eleições. “Nunca desejei tanto que um candidato ganhasse logo no primeiro turno”, diz em tom de brincadeira Hugo Louro, gerente de incorporação da Atua, braço econômico da Yuny. “Muita gente entra no estande de vendas e pede para ser cadastrado no Minha Casa, Minha Vida. Isso demonstra que, muitas vezes, não entendem como o programa funciona, mas que é, sem dúvida alguma, uma alavanca de vendas, isso é.” De acordo com o executivo, ainda não é possível mensurar as perdas nas vendas com o fim do uso da marca do programa. “Mas elas serão substanciais. Definitivamente, vai cair o número de visitas nos nossos pontos de venda. Em contrapartida, acredito que pessoas com renda mais alta vão começar a procurar os nossos plantões, por não associarem o empreendimento ao Minha Casa, Minha Vida”, afirma. “Nossa postura inicial é de não postergar lançamentos devido à proibição do uso da marca, mesmo que isso tenha como consequência resultados menores.” João Hater, gerente do segmento econômico da Rossi, concorda. “A minha primeira impressão é que o fim do uso do selo iria prejudicar bastante as vendas. Mas agora não tenho tanta certeza”, diz. Segundo ele, não houve uma queda perceptível nos estandes de venda. O medo de uma significativa redução nas visitas, e consequentemente nas receitas, fez com que as principais empresas do setor imobiliário se reunissem com o Secovi-SP para discutir a criação de um selo único. “Vimos que se fizéssemos algo que remetesse ao Minha Casa, Minha Vida seríamos multados. E se fizéssemos algo que não tivesse nada a ver, não faria sentido”, afirma Hater. “Por isso, a Rossi decidiu não adotar outro selo e apenas citar os benefícios do programa nas propagandas dos empreendimentos.” Marca da Caixa A Atua, por sua vez, adotou a logomarca da Caixa Econômica Federal, enquanto avalia a possibilidade de criar uma marca própria. Leonardo Corrêa, diretor de relações com investidores da MRV, conta que a construtora retirou ou pintou as placas que indicavam que o imóvel pertencia ao programa habitacional. “Continuamos tendo fluxo de pessoas nos nossos plantões e batemos recorde de cliques no nosso site, que é uma das principais formas de mensurar a procura”, diz Corrêa. “Para comprar um carro, a pessoa só precisa da carteira de motorista e comprovante de residência. Já no caso de um imóvel, a população não está acostumada a saber o que pode comprar.” Já no caso da Brookfield, o fim do uso da logomarca não trará tantos impactos, segundo Cristiano Machado, diretor executivo de finanças da incorporadora. “Nunca nos apoiamos na logomarca, por isso não muda nada para a companhia.” Fonte: Brasil Econômico