A Contraf-CUT participou nessa quarta-feira, 5, de nova reunião da mesa temática de Saúde do Trabalhador com a Fenaban, em São Paulo. O foco da discussão foi o Programa de Prevenção de Conflitos no Ambiente de Trabalho, que visa a prevenção do assédio moral e de outras formas de violência nos bancos. O debate sobre o tema começou na campanha salarial de 2009, mas divergências entre as partes impediram a assinatura de um acordo.
Na reunião desta quarta, foram debatidos alguns destes pontos divergentes. O primeiro deles foi o item do programa que prevê a realização de cursos e outros eventos com bancários e gestores com foco no assédio moral. Os trabalhadores cobraram do banco a inclusão de alguma forma de participação do movimento sindical em relação ao conteúdo dessas atividades, o que não está previsto na proposta. Os representantes da Fenaban se comprometeram a consultar os bancos sobre o tema.
Outra questão tratada foi o item proposto pelos bancos que prevê que os sindicatos não encaminharão às empresas denúncias anônimas de assédio moral. Os representantes dos bancários deixaram claro que não irão passar aos bancos o nome dos denunciantes, a menos que estes peçam expressamente que isso seja feito. “A maioria dos denunciantes tem medo de sofrer represálias. Temos que respeitar essa situação e protegê-los”, afirma Plínio Pavão, secretário de Saúde da Contraf-CUT. Os bancos compreenderam a situação e ficaram de dar um retorno sobre o tema.
O maior impasse ocorreu na discussão sobre a cláusula que impede a divulgação por banco ou sindicato do nome dos denunciados por praticar assédio moral. “Não é intenção do movimento sindical divulgar o nome de ninguém, mas queremos ter a liberdade de, como recurso extremo, fazer uma denúncia pública do assediador, quando um sindicato julgar pertinente e sob responsabilidade da entidade”, defende Plínio. “Os bancos preferem manter a proibição da divulgação e chegamos a um impasse. Mas as duas partes entendem que o melhor é buscar uma alternativa que contemple a todos”, diz o dirigente.
Metas e organização do trabalho
Os negociadores da Fenaban trouxeram reposta negativa para as reivindicações dos trabalhadores a respeito do fim das metas abusivas. Os representantes dos bancos alegam que, se o problema das metas é que elas propiciam o surgimento de casos de assédio moral, o programa de prevenção de conflitos em debate seria o bastante para resolver o problema.
Os bancários discordam. “Mesmo com o caráter prevencionista que o programa de combate ao assédio moral possui, ele não vai à raiz do problema, que é a forma como o trabalho está organizado. É essa organização que favorece o adoecimento dos bancários e o surgimento de casos de assédio”, afirma Plínio Pavão.
Uma nova reunião da mesa temática será agendada para a segunda quinzena de junho, em data ainda a ser definida.
Fonte: Contraf/CUT