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Perpetuação do home office pauta Banco do Brasil no pós pandemia

Diante da crise do novo coronavírus, o movimento sindical cobrou dos bancos medidas a fim de conter a disseminação da doença entre os bancários. As negociações com a Fenaban garantiram a permanência de cerca de 300 mil bancários em regime de trabalho remoto. 

O Banco do Brasil (BB) pretende manter cerca de 10 mil funcionários de áreas administrativas em jornada parcialmente remota. A ideia é que essa parcela de funcionários, que será definida segundo os critérios do gestor de cada área, trabalhe parte dos dias no escritório e parte em casa. A decisão ainda não foi tomada, mas estudos internos apontam uma economia de até R$ 180 milhões por ano com a implantação de um home office desta proporção no BB.  As informações foram divulgadas pelo Valor PRO, nesta terça-feira 23.

Para João Fukunaga, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEE/BB), o Banco do Brasil deveria assumir uma série de compromissos que estão sendo ignorados, ao invés de adotar um debate torto, em que somente a economia do banco está sendo priorizada. 

“É no mínimo uma hipocrisia o Banco do Brasil enxergar este debate apenas sob o prisma da economia que será feita com o home office, sendo que o mesmo banco causou um processo desumano durante a pandemia, quando muitos colegas foram obrigados a utilizar as duas férias e tiveram de usar o banco de horas negativo porque não havia estrutura de home office para todos”, afirma Fukunaga, que também é diretor executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo.  

A economia prevista pelo banco viria com a redução de despesas com imóveis – entre aluguel e manutenção –, segundo o Valor PRO.

“Se há uma previsão de economia com imóveis, o banco deve assumir a responsabilidade de fornecer equipamentos aos funcionários, já que o computador para as atividades profissionais deve ser monitorado por conta do sigilo bancário, o que irá violar a vida privada dos empregados se este monitoramento for feito nos computadores pessoais. Queremos, sim, discutir a questão, mas com seriedade e compromisso. E essas premissas estão faltando por parte da diretoria de pessoas e da sua vice-presidência”, afirma Fukunaga.   

Isolamento, angústia, depressão e mais produtividade

Ana Tercia Sanches é autora de tese de doutorado com o tema Trabalho Bancário – Inovações Tecnológicas, Intensificação e Gestão por Resultados. A professora e pesquisadora da Faculdade 28 de Agosto ressalta que o home office por períodos prolongados pode resultar em uma série de problemas nos trabalhadores, sobretudo de ordem psicológica e ergonômica. 

“O ser humano é um ser social. Ficar isolado em casa pode levar algumas pessoas a desenvolverem problemas mentais, como ansiedade e depressão. O ganho do trabalho se dá no coletivo. Existem outros sinais que vão compondo o aprendizado para um trabalho melhor, e a perda de sociabilidade pode fazer com que as trocas entre as pessoas se tornem insuficientes.” 

O home office causa outro fator desencadeador de tensão que é conciliar o trabalho com as atividades domésticas e cuidados com os filhos, avalia Ana Tércia. “Fora tudo isso tem o ambiente físico. A pessoa pode não trabalhar em condições ergonômicas adequadas, como uma bancada inapropriada, má ventilação, móveis inadequados, pouca movimentação do corpo. Isso tudo gera uma sobrecarrega metal e muscular maior”, pontua.  

A pesquisadora enfatiza, ainda, que as empresas esperam que a produtividade seja maior no trabalho remoto do que no presencial, devido a menor perda de atenção. “Essa exigência não pode ser linearmente atendida, pois as condições acima mencionadas impactam de formas diferentes em cada pessoa, conforme a sua função e condições de trabalho.”

Fonte: SPBancários com edições Seeb Jundiaí

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