O saldo para os funcionários da Nossa Caixa após um mês e meio de incorporação com o Banco do Brasil não é nada bom. “Estamos enfrentando problemas novos e dificuldades para solucionar questões importantes”, resume a diretora do Sindicato Raquel Kacelnikas.
Entre os problemas, ela cita a folha de pagamento – que no dia 20 de dezembro não rodou corretamente no sistema – e o atraso no depósito dos vales refeição e alimentação. “Estamos no meio do mês e tem gente que ainda não recebeu os vales de janeiro. Com relação à folha, em alguns casos os problemas foram causados por decisões políticas equivocadas e em outros por erro puro e simples”, diz a dirigente sindical, ao destacar a cobrança errada das taxas de administração e de risco do Prev Mais e o fato de juntarem em um mesmo código os descontos do Prev Mais e do pagamento das horas extras habituais e eventuais do pessoal do CPD.
Saúde – A dificuldade de parte do grupo de incorporadores para lidar democraticamente com pontos polêmicos é outro problema que está inviabilizando o processo de fusão. “O BB fechou o diálogo sobre o plano de saúde. Antes da incorporação vínhamos avançando muito nos debates sobre o Feas, discutindo o custo para inclusão de pais e sogros, por exemplo. Mas agora a direção do BB impôs, sem negociar, o valor de 4,72% do salário para cada dependente e causou assim o rompimento da mesa de saúde”, diz. Não houve abertura para negociação para os funcionários na ativa. “Se agora somos mesmo funcionários do BB queremos ter direito à Cassi, por exemplo”, reivindica.
Ainda no tema saúde, Raquel lembra o drama dos bancários (a maior parte caixas) que sofreram acidente de trabalho e ficaram inaptos para a função. “Esses funcionários continuavam recebendo a comissão de caixa apesar de não estarem mais aptos para a função. Nada mais justo, pois foi o trabalho no banco que causou o problema de saúde. Mas agora o BB tirou essa comissão”, explica.
Ainda no tema salários, o BB não está deixando claro como ficará a Vantagem de Caráter Pessoal do Vencimento Padrão (VCP-VP). “Queremos que, após a assinatura do termo de opção, a diferença do salário base da Nossa Caixa frente ao salário base do BB seja considerada como VCP-VP, para que sobre este salário também incida os reajustes da data-base e do PCS do BB.”
Vagas PDV – Outro ponto polêmico se refere à nova dotação de agências. Há rumores de que as vagas abertas pelo PDV poderão ser ocupadas por funcionários oriundos do BB. “Não aceitamos que um comissionado da Nossa Caixa perca sua comissão em detrimento de um funcionário do BB que queria crescer na carreira. O desejo de crescer é justo, mas deve acontecer num patamar de igualdade com o bancário da Nossa Caixa se somos todos funcionários do mesmo banco”, diz, ressaltando que a orientação é que todos se mantenham inscritos nas vagas até a decisão final.
A lista de pontos pendentes prossegue: as vagas do CPD, que o BB sinaliza que pode ter uma estrutura em São Paulo mas que ainda não está garantida, a luta contra a tentativa de transformar as agências dentro do Poupatempo em correspondentes bancários, a situação dos postos bancários dentro de fóruns, se serão mantidos como postos, se virarão agências e se terão nova dotação, e a questão da gratificação variável conquistada após cinco anos de Nossa Caixa, que o BB tem intenção de extinguir.
Danilo Pretti Di Giorgi - Seeb São Paulo