Um pequeno avanço, mas que deve ser visto com desconfiança. Na negociação desta quarta-feira 2, os representantes da federação dos bancos finalmente responderam à demanda do Comando Nacional dos Bancários e disseram que aceitam debater um novo modelo de Participação nos Lucros e Resultados (PLR). No entanto, deixaram claro que qualquer formato prevê riscos e travas no valor a ser pago.
Para o presidente do nosso sindicato, Paulo Santos Mendonça, “o novo modelo tem de tornar a regra mais simples, de forma que o bancário trabalhe com a segurança de que vai receber uma parte maior e mais justa do lucro que ajuda a construir”.
Mendonça enfatiza que não pode haver desconto de programa próprio na PLR e nem pode ter comparação entre 2008 e 2009. “Eles querem manter o lucro como base de cálculo. Não disseram que tipo de lucro. Avisamos que tem de ser um percentual do lucro, e não variação. Eles concordaram. Queremos ter segurança, regras que garantam pagamento no primeiro semestre e sem surpresas no segundo. E queremos informação com transparência para o processo de negociação e acompanhamento do pagamento da PLR.”
Reajuste – Os negociadores da Fenaban informaram que não há disposição dos bancos de pagar aumento real nos salários. “Eles afirmaram que foram cinco anos de aumento real e que esse ano há dificuldade em pagar. Mas eles dizem que há dificuldade sempre e todo ano nós arrancamos o que é nosso por direito. Com a nossa mobilização, esse ano não será diferente”, afirma Mendonça.
“Exigimos dos banqueiros que, se eles têm um índice a apresentar, que o façam já na negociação do dia 9 de setembro”, relata Mendonça, destacando que os representantes dos trabalhadores também cobraram que no dia 9 seja retomado o tema emprego. “Eles dizem que o debate foi esgotado, mas nada foi definido e, se os bancos estão ganhando tanto em sinergia com as fusões, os trabalhadores também devem ganhar, com a garantia de empregos para ter tranquilidade para trabalhar.”
Piso – Os dirigentes sindicais mostraram que o piso da categoria precisa ser valorizado. Foram usados como referência o salário base do Dieese e o valor do mínimo para deixar isso claro. “Em 2004 o piso dos bancários representava três salários mínimos, então hoje deveria estar no mínimo em R$ 1.500”, disse o presidente do Sindicato. “Seja qual for a base, receita de crédito, prestação de serviços, o retorno dos bancos foi maior que o dos trabalhadores no piso. Vamos continuar cobrando esse reajuste.”
PCCS – Os negociadores da Fenaban disseram que não aceitam qualquer movimentação automática nos salários prevista por um Plano de Carreira, Cargos e Salário (PCCS) e que as promoções são questão a ser debatida banco a banco. Também disseram que a contratação total da remuneração não será debatida com o movimento sindical. “Vamos continuar insistindo nesse debate. A relação individual bancário/banco coloca em risco a força da categoria e a organização dos trabalhadores, o que é ruim para os dois lados”, salienta Mendonça.
Auxílio-educação – Diante da afirmação dos negociadores da Fenaban de que vão apresentar uma proposta econômica global, os representantes dos trabalhadores exigiram que essa proposta preveja o auxílio-educação. “A proposta econômica tem de prever quanto todos os bancos – inclusive quem ainda não paga hoje – vão investir na educação dos seus funcionários”, cobra Mendonça. “Se os banqueiros quiserem valorizar o processo negocial, têm de trazer para a próxima mesa uma proposta de emprego, de aumento real e para o novo modelo de PLR. Só assim haveria uma indicação de boa vontade com a categoria.”