Nos últimos dias saiu uma matéria no UOL apontando que especialistas e analistas de mercado erram 95% de suas previsões sobre o Ibovespa, a taxa de juros Selic, o PIB do país, a variação do dólar e da inflação, medida pelo IPCA.
Diferentemente da previsão do tempo, a previsão econômica não apenas descreve o futuro – ela tenta moldá-lo. É por isso que falamos de economia-política, e não de uma técnica neutra: trata-se de um campo onde análises, expectativas e opiniões disputam o rumo dos acontecimentos, influenciando até mesmo as decisões de governo.
Quando se afirma que o mercado erra 95% de suas previsões, não são meros enganos. Muitas vezes, são projetos bem calculados para alcançar objetivos imediatos: forçar ajustes nos juros, provocar intervenções no câmbio, redefinir prioridades econômicas. E aí está a ironia: embora se apresente como preocupado com o futuro, o mercado financeiro é, na verdade, o mais imediatista de todos. Sua lógica é de ganhos rápidos e elevados, pouco importando o impacto que isso deixa para trás.
O problema agrava-se quando apenas o mercado financeiro tem voz, enquanto a economia real – aquela que pulsa na indústria, nos serviços, no comércio, na agricultura e no trabalho de milhões de pessoas – é relegada ao esquecimento. Esse desequilíbrio, amplificado pela mídia, não reflete uma análise isenta, mas uma narrativa que serve a interesses bem definidos e urgentes, no ritmo frenético de quem olha para o amanhã apenas como oportunidade de lucro.
Por Paulo Malerba
Presidente do Sindicato dos Bancários de Jundiaí e Região