Inadimplência cai e lucro dos grandes bancos se expande

A maior pontualidade nos pagamentos por parte de consumidores e de empresas contribuiu para os lucros bilionários dos grandes bancos brasileiros no primeiro trimestre do ano.

Com queda nos índices de inadimplência, essas instituições puderam expandir o crédito sem a necessidade de despesas extras com as provisões para compensar possíveis calotes.

Desde os primeiros meses do ano, as instituições financeiras passaram a ficar mais confiantes em relação à retomada da atividade econômica e à redução dos atrasos, o que levou a diminuições nos gastos com as provisões, mesmo em um cenário de expansão do crédito.

Uma menor despesa na formação desses estoques acaba por contribuir de forma positiva para o resultado final de uma instituição financeira. No primeiro trimestre, os quatro maiores bancos do País apresentaram expressivo crescimento no lucro.

Mesmo a elevação do saldo das provisões tem ocorrido em um ritmo inferior ao crescimento do crédito. É o caso do Banco do Brasil (BB), em que o estoque dessas reservas era de R$ 18,316 bilhões ao final de março, volume 24,8% superior ao registrado em igual mês de 2009. Na mesma base de comparação, o crédito na instituição federal avançou 36%.

O vice-presidente de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com investidores do BB, Ivan Monteiro, explica que não é preocupante o fato de o crédito crescer a um ritmo mais acelerado, ressaltando que a tendência é de queda na inadimplência. “A formação das provisões é muito dinâmica, mas é feita com base na melhora do perfil de risco”, disse.

Na divulgação dos resultados do primeiro trimestre, os bancos indicaram que os índices que medem os atrasos nos pagamentos das operações de crédito se manterão em queda até o final do ano. Em 12 meses, já houve um recuo, segundo dados do Banco Central. As operações com pessoas físicas retornaram a patamares pré-crise.

No entanto, o recuo tem sido mais lento na carteira de pessoas jurídicas. Segundo analistas do setor, isso ocorre porque os grandes bancos têm expandido os empréstimos a pequenas e médias empresas, segmento em que os atrasos são maiores que os registrados entre as grandes empresas, que têm recorrido mais ao mercado de capitais.

Alerta

Apesar da expectativa de queda até o final do ano, os analistas não descartam um pequeno rebate nesses dados ainda em 2010. “Os bancos estão emprestando para recuperar mercado e em toda operação há risco, por isso pode ocorrer um repique em algum momento”, diz o analista da Lopes Filho Consultoria, João Augusto Salles.

Na avaliação de Salles, o que pode levar a isso é o aumento da inflação, que reduz a capacidade de pagamento das famílias. Ele lembra que o aumento do consumo nos últimos meses foi causado muito mais pelo alongamento dos prazos de financiamento do que pelo aumento da renda familiar.

Aloísio Lemos, da Ágora Corretora, também vê possibilidade de um aumento da inadimplência, mas sem chegar ao pico de setembro do ano passado. “Mais para frente pode aparecer alguma elevação, mas é um risco que pode ser medido.”

Fonte: Brasil Econômico

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