São Paulo – Não houve avanços na primeira rodada de negociação entre o Sindicato e o HSBC para discutir a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos empregados, na terça-feira 20. Os representantes dos funcionários insistiram que o banco precisa pagar o benefício baseado no desempenho real da empresa e não no balanço semestral, em que o HSBC subtraiu 90% do lucro para usar em provisões irreais.
“O Sindicato deixou claro para a direção do banco que não vamos aceitar uma PLR menor por causa do lucro rebaixado artificialmente pela empresa. Provamos com cálculos que as provisões são conservadoras demais e a diretoria ficou de discutir internamente para nos dar uma resposta até a próxima quinta-feira (22)”, explica o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
Segundo o balanço do banco, o HSBC lucrou no primeiro semestre do ano R$ 2,1 bilhões. No entanto, a empresa provisionou cerca de R$ 1,9 bilhão desse total para despesas que possam a vir a acontecer. “Ou seja, o banco quer calcular a PLR dos bancários sobre os R$ 250 milhões restantes. E isso não vamos admitir, até porque o banco calcula o bônus dos executivos e acionistas sobre os R$ 2,1 bilhões. Exigimos o mesmo tratamento”, afirma diretor do Sindicato Paulo Rogério Cavalcante Alves.
Durante a reunião de negociação com o HSBC, o Sindicato apresentou uma série de cálculos feito pelo Dieese para provar que o dinheiro provisionado pelo banco é artificial.
Principalmente no que diz respeito ao valor retido para cobrir possíveis perdas com crédito duvidoso. No primeiro semestre do ano o volume de dinheiro emprestado pelo HSBC subiu, em relação ao mesmo período de 2008, de R$ 38,3 bilhões para R$ 40 bilhões, um crescimento de apenas 4,59%. Por outro lado, a provisões para perdas subiu 87,85%, de R$ 866,7 milhões para R$ 1,6 bilhão.
“É um provisionamento absurdo perto do crescimento do crédito. Isso afeta todo balanço do banco, mas não impacta em nada no lucro já que o dinheiro fica no caixa da empresa. O HSBC diz na propaganda que é o maior banco do mundo. Mas parece não entender que o maior patrimônio de uma empresa é o trabalhador, e não seus ativos. Os funcionários no Brasil exigem valorizar e vamos conquistar, por meio de uma PLR justa”, comenta Paulo Rogério.
Fábio Jammal Makhoul - 20/10/2009