A carteira de crédito dos bancos médios e pequenos cresceu 27% no primeiro trimestre de 2010, o dobro dos grandes, segundo levantamento da Economática considerando apenas os listados na Bolsa de Valores. Essa vantagem ocorreu porque as instituições menores foram mais ágeis nos três primeiros meses do ano, segundo analistas. Além de terem antecipado capitalizações, o que lhes deu conforto para emprestar mais, conseguiram se adaptar rapidamente para atender à demanda em seus segmentos prioritários, como as pequenas e médias empresas. De janeiro a março, todo o sistema financeiro do País emprestou R$ 4,3 bilhões a empresas e pessoas, valor 16,5% superior aos créditos concedidos no primeiro trimestre de 2009. Enquanto a soma das carteiras de crédito de Banrisul, Pine, Cruzeiro do Sul, Bicbanco e outras 19 instituições de pequeno e médio porte saltou quase 30% no período, o aumento dos grandes foi de 14,2%. O crescimento dos bancos menores também superou o dos grandes quando a comparação é com o último trimestre do ano passado. O crédito total do sistema financeiro aumentou 3,4% nessa base de comparação, sendo que a soma das carteiras dos grandes cresceu 3,6%, abaixo do avanço dos médios, de 6,2%. “Eles responderam mais rapidamente à motivação da economia”, afirma Luis Miguel Santacreu, da Austin Ratings. Em um momento em que as perspectivas para o Brasil eram indiscutivelmente positivas – com destaque para renda, emprego, e consumo apontando para cima isenção de impostos –, os bancos de menor porte tiveram velocidade maior para ceder, segundo o analista. O maior dinamismo destes bancos é resultado de suas estruturas menores e da pressão que sofrem para compensar menores ganhos de escala. Por trabalharem mais com nichos que envolvem menores volumes de negócios, eles “trabalham com a ordem de crescer ou crescer”, comenta Celso Grisi, presidente da consultoria Fractal e professor da Fundação Instituto de Administração (FIA). Como não conseguem competir com os grandes bancos de varejo em alguns segmentos, como pessoa física de todas as classes sociais, esses bancos atuam mais fortemente no empréstimo a consumidores de renda mais baixas e no chamado e médias e no crédito consignado. Capitalizados Para poderem emprestar mais este ano, as instituições financeiras menores souberam aproveitar momentos de otimismo do mercado, comentam os especialistas. Fizeram suas captações antecipadamente e agora têm conforto para as concessões. “Todos capitalizaram muito bem e puderam sair para os empréstimos. Agora, estão crescendo de uma maneira “agressiva, forte e interessante”, diz Grisi. “Em geral, os bancos se anteciparam nas emissões prevendo que ambientes futuros poderiam ser mais difíceis”, acrescenta Clive Botelho, vice-presidente de Finanças do Banco Pine. Fonte: Último Segundo