A Contraf-CUT voltou a defender junto aos bancos o maior patrimônio que existe, que é a vida das pessoas. Na quarta reunião da Mesa Temática de Segurança Bancária com a Fenaban, ocorrida nesta terça-feira, dia 20, em São Paulo, os bancários cobraram medidas de prevenção contra assaltos e seqüestros, indenizações para as vítimas e pagamento do adicional de risco de vida para quem trabalha em agências, postos e áreas perigosas. Também solicitaram acesso às estatísticas e emissão do Boletim de Ocorrência na polícia.
Foi o último encontro antes da Campanha Nacional dos Bancários 2010. Nas reuniões anteriores, as entidades sindicais propuseram medidas reparatórias, buscando garantir assistência para vítimas de ataques a bancos, sendo que a Fenaban admitiu a possibilidade de implantar algumas iniciativas que avançam no atendimento das vítimas e que poderão ser concretizadas nas negociações para a nova convenção coletiva.
“A Fenaban discutiu as demandas dos bancários, assumiu o compromisso de manter as negociações permanentes e retomar os debates após o fechamento da convenção coletiva, o que inclui também as Mesas Temáticas de Saúde do Trabalhador, Igualdade de Oportunidades e Terceirização”, afirma o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.
Medidas de prevenção
Os bancários reiteraram aos bancos a necessidade de implantar medidas preventivas para evitar assaltos e seqüestros, como a porta de segurança com detector de metais em todos os acessos destinados ao público. “Tal equipamento reduziu os assaltos depois que foi instalado em muitas agências a partir de leis municipais”, destacou o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Daniel Reis.
Segundo os números da Febraban, divulgados na Câmara dos Deputados, os roubos caíram de 1.901 em 2000 para 430 em 2009. A Fenaban, no entanto, disse que “não há consenso entre os bancos” sobre a colocação da chamada porta giratória em todas as agências e postos.
“Também reivindicamos câmeras de filmagem com monitoramento em tempo real, vidros blindados nas fachadas, abertura e fechamento das unidades através de empresas especializadas em segurança e o fim da guarda da chave do cofre e das unidades pelos bancários para evitar sequestros”, ressaltou Ademir. A Fenaban respondeu que essas medidas dependem de cada banco.
Os bancários reiteraram a necessidade de proibição do transporte de numerário pelos bancários, o que ainda vem sendo praticado em diversos cantos do país. A Fenaban disse que esse transporte deve ser realizado pelos carros-fortes e propôs a busca de soluções nas regiões onde ainda não há transporte de valores. A Contraf-CUT afirmou que o assunto já está regrado pela Polícia Federal e que os bancos devem acabar com a utilização de bancários, como tem sido denunciado pelos sindicatos e comprovado em vários processos na Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP).
Foi proposta pela Contraf-CUT a instalação de divisórias individualizadas na bateria de caixas, bem como entre os caixas eletrônicos, como forma de buscar privacidade nas transações e ajudar a prevenir o golpe da “saidinha de banco”. Os bancos alegaram que esse crime “é problema de segurança pública”. Os bancários discordaram, apontando que ele começa dentro das agências, através da observação dos clientes que efetuam saques elevados, e por isso os bancos têm que assumir a sua responsabilidade.
Os bancos se manifestaram contrários ao conceito dos bancários de agregar novos equipamentos para melhorar as condições de segurança. Eles propuseram fazer um debate sob a ótica da segurança eletrônica, evitando a duplicidade de funções. “Topamos discutir novas tecnologias, mas com a manutenção do emprego dos trabalhadores em segurança”, adiantou Ademir.
Indenizações para vítimas
A Contraf-CUT defendeu também a ampliação das indenizações para as vítimas, hoje limitadas aos casos de morte ou incapacidade permanente decorrente de assalto. “Propomos o pagamento de indenização para os bancários que sofreram assaltos, sequestros e extorsões, bem como complementação da pensão vitalícia paga pelo INSS, em caso de invalidez ou morte, no valor correspondente ao salário integral da vítima à época do assalto ou seqüestro”, salientou Ademir. A Fenaban negou o atendimento dessas demandas.
Adicional de risco de vida
Os bancários cobraram o pagamento de adicional de periculosidade e risco de vida para todos os empregados que trabalham em agências, postos e áreas perigosas. A Fenaban disse que a reivindicação “é um absurdo”.
“Os vigilantes conquistaram adicional de risco de 30% em vários acordos coletivos pelo Brasil afora e os bancários atuam no mesmo ambiente de trabalho”, comparou Ademir. A Fenaban reconheceu o direito dos vigilantes, mas considerou “um exagero” o pagamento aos bancários expostos ao mesmo risco. “O pagamento do adicional se justifica diante do risco à vida e à integridade física dos trabalhadores”, frisou o dirigente da Contraf-CUT.
Acesso às estatísticas de assaltos a bancos
A Contraf-CUT reafirmou a solicitação de acesso à estatística nacional de assaltos a bancos da Feanban, como forma de transparência e acompanhamento das ocorrências. A entidade patronal disse que “existe possibilidade, mas ainda falta definir o período e a forma de acesso”.
“Solicitamos que a estatística seja apresentada a cada três meses, a exemplo de várias secretarias estaduais de segurança, informando os números em âmbito nacional e por estado”, defendeu Ademir.
Emissão do Boletim de Ocorrência
Os bancários reiteraram a importância de cada banco fazer o Boletim de Ocorrência na polícia para registrar todos os casos de assaltos, tentativas e seqüestros. pois isso nem sempre ocorre. A Fenaban informou que já orientou os bancos para que esse procedimento seja efetuado e se colocou à disposição para receber denúncias das entidades sindicais.
“Defendemos a inclusão de uma cláusula na convenção coletiva, como forma de reforçar a recomendação da Fenaban e facilitar a fiscalização dos sindicatos”, reivindicou o diretor da Contraf-CUT.
Participação
Além de Ademir e Daniel, a reunião contou com a participação dos diretores da Fetrafi-RS, Lúcio Paz, da Feeb RJ-ES, Pedro Batista Henriques, da Fetec-PR, Carlos Alberto Copi, da Feeb SP-MS, Julio Cesar Machado, e do Sindicato dos Bancários de Florianópois, Sérgio Rabelo e Luiz Rodrigues.
Fonte: Contraf-CUT