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ContrafCast discute o combate à exploração da mulher

Por que é tão difícil combater as formas de violência e desigualdade de gênero? Entenda com a entrevistada desta semana: advogada feminista e pós-graduada em Direitos das Mulheres e Direito das Famílias, Phamela Godoy

 

É perceptível que, ao longo da história, sobretudo no período mais recente, as mulheres conquistaram avanços sociais e políticos significativos. “As mulheres no Brasil, por exemplo, passaram anos sem capacidade civil jurídica. Elas não poderiam ter atos da vida civil: enquanto menores eram tuteladas pelos seus pais. Ao fazer 18 anos assumiam a capacidade civil, mas perdiam quando se casavam. E estamos falando de uma sociedade da década de 1930, 1940 e 1950, quando as mulheres se casavam com 15, 16 anos”, explica Phamela Godoy, entrevistada desta semana do Contraf-Cast, apresentado por André Accarini.

A mulher brasileira conquistou o direito de votar somente em 1932. Três décadas mais tarde (1962) é que finalmente passou a ter o direito de trabalhar fora de casa – antes disso, só com a autorização do marido, e uma autorização que poderia ser revogada a qualquer momento.

Apesar desses avanços, a desigualdade de gênero ainda é profunda, não só no Brasil, mas no mundo: as mulheres seguem recebendo menos no mercado de trabalho, estão entre as maiores vítimas de violência doméstica e do tráfico internacional de pessoas, além de terem bem menos representação nos espaços de poder e decisão política.

Quando você tem uma situação de desigualdade, tem alguém que está se beneficiando daquela situação. Até por isso é tão difícil combater as formas de violência, as formas de preconceito e as formas de desigualdade”, observa. “Por exemplo, se a gente tem uma mulher ganhando menos, é porque temos um homem ganhando mais”, completa, lembrando, com base no 2º Relatório de Transparência Salarial, produzido pelos ministérios da Mulher e do Trabalho e Emprego, que as brasileiras ganham 20,7% menos que os colegas homens, nas mesmas funções. O mesmo relatório revela que as mulheres pretas recebem no país, em média, 50,2% do salário dos homens brancos.

“Na categoria bancária, a remuneração média das mulheres é cerca de 20% inferior à remuneração média dos homens bancários e, das mulheres negras (pretas e pardas) cerca de 40% inferior”, continua a advogada.

Phamela, que também é coordenadora do projeto Basta! Não irão nos calar!, para implantação de atendimento jurídico para mulheres em situação de violência doméstica e familiar nos sindicatos e federações bancárias, avalia que a saída para uma sociedade justa, sem desigualdade de gênero, passa necessariamente pela mudança da visão sob a perspectiva patriarcal, que coloca no centro do poder e das decisões somente os objetivos dos homens e lega às mulheres o ideário de que são incapazes de conduzir decisões importantes em vários setores: político, econômico, moral e social.

“Essa estrutura patriarcal é que vai gerar em nós (mulheres) também atitudes machistas. A gente não pode dizer que uma mulher é machista, porque ela não se beneficia da desigualdade, mas ela pode ter atos machistas. Assim como temos pessoas LGBTQIA+ que praticam LGBTfobia”.

Fonte: Contraf-CUT

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