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Artigo aponta, didaticamente, os riscos que os funcionários do Banco do Brasil correm ao aderir ao novo plano da Cassi

 

O coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, escreveu um artigo no qual demonstra, de maneira didática, os riscos aos quais os funcionários do Banco do Brasil se expõem ao fazer a adesão ao novo plano de saúde da Caixa de Assistência dos Funcionários (Cassi), o “Cassi Essencial”.

No texto, João explica que a diretoria da Cassi apresenta o novo plano como sendo “mais barato” sem dar a devida importância à franquia, ao aumento da coparticipação, à redução da rede credenciada e à menor cobertura.

Outro ponto observado no texto é com relação aos problemas que o novo plano pode trazer aos planos atuais, uma vez que será oferecido para o mesmo público. O “canibalismo” pode inviabilizar os planos já existentes e prejudicar a Caixa de Assistência como um todo, tema tratado ao se falar sobre o desiquilíbrio nas contas da Cassi.

O artigo trata ainda da exclusão dos funcionários de bancos incorporados e conclui que o novo plano tem como objetivo a redução da corresponsabilidade do Banco do Brasil com a manutenção da Cassi e do Plano Associados.

Leia abaixo o texto na íntegra.

Essencial para quem?

João Fukunaga*

O lançamento do plano Cassi Essencial chegou com uma massiva campanha para inebriar os familiares de funcionários do BB e traz uma série de perguntas, duvidas e questões que demonstram o quanto à direção da Cassi está distante de seus associados.

Em suma, os dirigentes da Caixa de Assistência anunciam um plano “mais barato” e com cobertura similar aos planos família, entretanto não é bem isso que se depreende após uma leitura mais atenta dos prospectos.

São diversos senões que precisam ser analisados e para os quais faltam explicações:

Destrutivo

Inicialmente é preciso estabelecer que o público alvo do novo plano canibaliza os planos ja existentes (Cassi Família I e II), pois o público alvo é o mesmo e ainda permite a migração entre planos. Ao oferecer um plano “mais barato” para o mesmo público poderá levar a um esvaziamento dos demais planos, tornando-os insustentáveis.

Ademais cria a possibilidade de aposentados, pensionistas e ex funcionários aderirem ao plano. Essa alternativa pode ser muito útil ao BB, pois lhe retira responsabilidade de contribuir ao plano associados e cumprir com os contratos assumidos junto ao funcionalismo no sentido de viabilizar a Cassi.

Desidratado

É preciso que fique estabelecido que esse custo “menor” se dá em virtude de um plano “desidratado”, pois tem uma cobertura menor, uma vez que atende apenas ao rol da ANS no novo plano. Cria a co-participação de 30% ou 40% para eventos fora da área geográfica estabelecida para o novo contratante. Cria um novo custo para internações, a franquia, que pode ser de R$ 250 ou R$ 350 se o atendimento for fora da área contratual. A rede credenciada é menor em cerca de 22% em relação aos planos Associados e família, entretanto em algumas regiões essa rede de atendimento é muito menor (Brasília -78%, Alagoas -50%, Rio de Janeiro -32%) e pode induzir as pessoas a contratar um plano sem conhecer necessariamente a rede de atendimento por ter os outros planos da mesma gestora como referência.

Os valores de custeio serão anuais, por faixa etária e mais cálculo atuarial, o que pode encarecer sobremaneira com o tempo.

Discriminatório

Incita a discriminação no corpo funcional, pois segrega os funcionários do BB originários dos bancos incorporados ao não lhes permitir o acesso ao Plano Associados, seu legítimo direito. Enquanto a reivindicação dos funcionários tem sido de garantir a todos os mesmos direitos no que tange à previdência e saúde, a diretoria da Cassi tenta livrar as responsabilidades do BB quanto ao patrocínio de plano de saude ao criar uma “alternativa” que lhes distancia dessa conquista.

Desequilibrado

Do ponto de vista administrativo não explica como a diminuição do valor de custeio dos planos pode trazer mais sustentabilidade, uma vez que deverá ocorrer uma diminuição da arrecadação para custear as despesas administrativas da entidade. O simples fato de “baratear” o custo do plano não significa que haverá um crescimento do número de novos contratantes, uma vez que a tendencia é que haja migração dos planos família para o novo plano.

Um associado de 33 anos do Cassi Família II, no estado de São Paulo, tem hoje uma mensalidade de R$ 733,30 e tem a oferta do Plano Essencial por R$ 438,85, uma redução de 40,15%. Quem cobrirá as despesas administrativas da entidade? Um verdadeiro canibalismo empresarial que pode trazer mais incertezas e desequilíbrio. A tendência é que os familiares migrem para o plano “mais em conta”. Caso o plano Associados precise majorar as contribuições, poderá ocorrer outro evento de canibalismo, com a migração de aposentados e pensionistas para o plano essencial, diminuindo direitos e livrando o BB de seus compromissos, um verdadeiro cavalo de Tróia. Entretanto com o reajuste anual das faixas etárias e a possibilidade de ajuste atuarial, esse aumento pode ser potencializado e levar a um custo maior que os 4% que o associado paga hoje, levando novamente a uma decisão equivocada por propaganda enganosa.

A realidade é que o Cassi Familia está ficando inviável pelo alto custo, uma vez que não se tomou iniciativas para torná-lo mais acessível do ponto de vista financeiro. A alternativa apresentada, Cassi Essencial, poderá esvaziar e inviabilizar os planos familia e trazer ainda mais desequilíbrio às combalidas contas da Caixa de Assistência.

* Coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB).

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