Carol teve mais de oito mil votos e se tornou primeira negra a se eleger para um cargo público. Em mais de 300 anos nunca houve vereadoras ou deputadas negras na cidade.
Carol Dartora, professora formada pela Universidade Federal do Paraná, negra, feminista e petista foi eleita vereadora em Curitiba neste domingo (15). Ela foi a terceira mais votada para a Câmara Municipal.
Historiadora, Carol já atuava como militante do movimento negro e do feminismo e, depois de entrar na Rede Pública do Paraná como professora, começou também a militar na APP-Sindicato, que representa os professores e trabalhadores de ensino do Estado. Hoje é diretora licenciada de Mulheres, Trabalhadoras e Direitos LGBTI.
Segundo a matéria, Carol teve mais de oito mil votos e se tornou a primeira negra a se eleger para qualquer cargo público em mais de 300 anos de Curitiba – nunca houve vereadoras ou deputadas negras na cidade. A seu lado, terá mais um militante do movimento negro, o também petista Renato Freitas.
Ao contrário de outros negros que chegaram à Câmara, Carol disse em entrevista por telefone ao Plural que pretende guiar seu mandato pela questão racial. E, claro, também por suas outras bandeiras, como os direitos das mulheres e a defesa da Educação Pública.
“Acho uma pena quando um negro se elege e não se diz representante da pauta racial. Eu não posso deixar de ver o mundo pelo que eu sou, uma mulher negra e trabalhadora”, afirma. Segundo ela, Curitiba tem de parar de tornar invisíveis seus negros.
“Não podemos continuar com esse discurso de cidade europeia, há uma imensa população negra aqui”, diz ela.
O discurso da nova vereadora passa pelo acesso à cidade – ou seja: o acesso às políticas públicas, ao transporte, à educação, à cultura. E também pela crítica ao modelo de Rafael Greca (DEM), prefeito reeleito neste domingo (15).
A primeira vereadora negra da história também em Joinville (SC)
Ana Lúcia foi a única vereadora eleita pelo PT na cidade.

Com 3.126 votos, a professora e servidora pública aposentada Ana Lúcia Martins foi eleita a primeira vereadora negra da história de Joinville (a 177km da capital Florianópolis). A eleição de Ana Lúcia também marca o retorno do Partido dos Trabalhadores (PT) de Joinville à Câmara de Vereadores, que não havia eleito parlamentares nas eleições municipais de 2016.
Nas redes sociais, Ana Lúcia agradeceu seus eleitores e eleitoras e destacou que sua eleição é a representação de um projeto coletivo, construído “pelo Movimento Negro de mulheres e homens, pela organização e coletivos de mulheres e feministas, por diferentes partidos de esquerda, de pessoas sem partido e de outros movimentos sociais”.
Também pelas redes sociais, a candidata eleita afirmou que seu mandato será pautado na “defesa das mulheres, por uma cidade antirracista, mais igualitária e plural, que inclua todas, todos e todes”.
Ameaça de morte
Ana Lúcia Martins tem sofrido ameaças nas redes sociais. Em uma das mensagens, uma pessoa afirma: “Agora só falta a gente matar ela e entrar o suplente que é branco (sic)”.

“Sabia que não seria fácil. Estava ciente de que enfrentaria uma certa resistência em uma cidade que elegeu apenas na segunda década do século 21 a primeira mulher negra. Só não esperava ataques tão violentos”, afirmou Martins, em suas redes sociais.
“Por meio de um perfil fake, recebi, por duas vezes, ameaças de morte, evidenciando que o problema central era eu ser a primeira mulher negra eleita da cidade. Esse perfil fake destila no Twitter todos os tipos de preconceitos e discriminações possíveis e, em diversas situações, deixa claro estar organizado com outras pessoas de Santa Catarina, em uma denominada ‘Juventude Hitlerista’”, denuncia Martins.
Ainda de acordo com a vereadora eleita, na noite de domingo (15), após a divulgação do resultado, suas redes sociais foram invadidas. Mais tarde, sua equipe recuperou as contas de Martins.
No texto em que ameaça a petista de morte, o internauta afirma, também, que “não há como comemorar uma petista no poder novamente em Joinville” e que o “PT não deveria existir mais”.
#MêsdaConsciênciaNegra
fonte: CUT e BdF com edições SeebJundiaí