SÃO PAULO - O Bradesco acaba de divulgar nova projeção para a próxima Selic, prevendo uma redução no ritmo de alta da taxa que deve ser anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), na próxima quarta-feira.
Octávio de Barros, diretor do Departamento Econômico do Bradesco, considera que o crescimento firme da economia brasileira, mas com riscos baixos de sobreaquecimento autorizam a redução do ritmo de ajuste da Selic para 0,50 ponto percentual nesta semana, o que levaria a taxa básica para 10,75% ao ano e não 11% esperados anteriormente.
“Quando há aumento de incerteza, bancos centrais tendem a prosseguir com maior cautela”, explica Barros. Ele pondera que os dados mais recentes na economia internacional e no Brasil indicam uma mudança de velocidade da atividade econômica e, igualmente importante, um aumento da incerteza sobre o crescimento no segundo semestre.
“Não estamos falando de crise, mas sim de uma redução, possivelmente por alguns trimestres, do ritmo de recuperação da economia global. Da mesma forma, a forte expansão doméstica da atividade no primeiro trimestre deu lugar a um crescimento mais moderado recentemente, removendo parte do risco de que houvesse um sobreaquecimento no ciclo atual. Sempre insistimos que não devemos dar peso excessivo aos dados de curto prazo pela sua natural volatilidade. No entanto, a sequência de dados mais fracos alcançou um período e um número razoável de indicadores para que se faça necessária uma mudança da leitura sobre a velocidade subjacente de expansão da economia”, afirma Octávio de Barros.
Em relatório, o Bradesco lembra que na última semana, dados de emprego divulgados pelo Caged, vendas no varejo e vendas de imóveis continuaram a surpreender negativamente os analistas. O próprio índice de atividade do Banco Central (IBC-Br), indicador que reproduz o Produto Interno Bruto (PIB), calculado pelo BC, mostra acomodação em maio. Os dados preliminares de julho ainda contrariam a expectativa de retorno a uma trajetória de forte expansão.
Segundo Barros, essas novas informações têm duas implicações: obriga a alguma revisão para baixo da estimativa sobre a velocidade de expansão do PIB e mostra um claro aumento da incerteza sobre o cenário prospectivo.
“A experiência internacional de bancos centrais, assim como a teoria econômica, mostra que quando há aumento da incerteza, a política monetária caminha mais devagar, ainda que mantenha a direção”, afirma Barros. Por essas razões, o Bradesco espera desaceleração no processo de ajuste do juro básico no Brasil.
Fonte: Valor On Line