Para garantir recursos para os financiamentos de maior prazo, o Banco PSA Finance, que atende Peugeot e Citroën, irá vender parte de sua carteira de crédito para a financeira Aymoré, do Santander. Esses créditos ficarão alocados em um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) que foi construído em parceria pelas duas instituições. “Esse FIDC vai permitir o crescimento dos financiamentos de médio prazo”, afirmou o diretor geral Banco PSA Finance, Frédéric Drouin, ao Brasil Econômico. Os dois bancos possuem uma parceria há 12 anos, mas até então limitada ao repasse de recursos do Santander ao PSA no mercado interbancário e serviços de retaguarda (back office). Drouc contou que a instituição passou a pensar em novas formas de captação a partir da crise financeira de 2008, uma vez que ficou claro que em momentos como aquele era difícil conseguir recursos para os financiamentos de 48 ou 60 meses. “Durante a crise, vimos que tínhamos que trabalhar com mais ferramentas de funding e também garantir recursos para o crescimento dos financiamentos”, disse. A expectativa é que o FIDC tenha R$ 2 bilhões até o final do ano que vem. Podem entrar nesse fundo tanto créditos decorrentes de financiamentos novos como os que já estão na carteira do Banco PSA, que financia veículos zero quilômetro e semi-novos. O superintendente executivo de Parcerias da Aymoré, Mário Vieira Filho, explicou que as cotas desse FIDC não devem ser disponibilizada a investidores. “A ideia é que Santander carregue todo esse FIDC.” O modelo do FIDC dos recebíveis da PSA Finance contempla cotas subordinadas, que funcionam como uma garantia adicional ao detentor das cotas (no caso, o Santander). “É um excesso de recebíveis para cobrir eventuais contratos com inadimplência”, disse o executivo do Santander. Vieira Filho explicou que esse fundo foi discutido por mais de um ano pelos dois bancos e que o principal objetivo da estrutura desenvolvida é o de dar sustentabilidade para o crescimento dos financiamentos do Banco PSA e flexibilidade nos prazos. Com uma nova fonte de recursos, o PSA espera fechar 2010 com até 65 mil contratos de financiamento. No ano passado, foram realizados 58 mil. “É um crescimento constante o nosso no Brasil, mas a cada ano fica mais difícil”, disse. Os valores não foram revelados. Expansão A venda de veículos no Brasil continua em crescimento mesmo após o restabelecimento das alíquotas do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para o setor. Parte dessa expansão decorre das facilidades no financiamento de automóveis. Ao final de maio, as operações de crédito para essa finalidade totalizavam R$ 166,558 bilhões, um crescimento de 1,1% em relação a maio e 14% na comparação com igual mês de 2009. Desse total, R$ 108,283 bilhões estão em operações de CDC (Crédito Direto ao Consumidor), com uma taxa de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) de 3,8%, um recuo de 1,5 ponto percentual em relação à igual mês de 2009. Os outros R$ 58,275 bilhões estão em operações de leasing, segundo dados do Banco Central (BC), que não disponibiliza o índice de atraso nos contratos de arrendamento mercantil. Os dados do BC de maio mostram ainda que o prazo médio dos financiamentos de veículos por meio de CDC era de 540 dias, quatro dias a mais da média de abril, mas 32 a menos do prazo de maio de 2009. Fonte: Valor Econômico