Amelinha Teles: Mulher que Inspira

 

Maria Amélia de Almeida Teles, mais conhecida por Amelinha Teles, nasceu em São Paulo, em 1951, é jornalista, historiadora e atua em diversas áreas relacionadas ao direito das mulheres e aos direitos humanos.

A Luta Contra a Ditadura Militar

Nas décadas de 1960 e 1970, Amelinha Teles atuou bravamente na resistência à ditadura militar no Brasil. Logo em 1964, foi presa, por integrar o  PCB (Partido Comunista Brasileiro). Ao ser solta, entrou para a clandestinidade e continuou atuante, especialmente na área de imprensa contra o regime militar.

Em 1972, Amelinha e Criméia foram presas e submetidas a torturas pelas forças de repressão. No mês de dezembro ela foi sequestrada junto com sua família: seu marido, sua irmã, Criméia de Almeida, e seus dois filhos, Janaína Teles (5 anos) e Edson Teles (4 anos). Todos foram levados para o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) em São Paulo, onde Amelinha permaneceu detida por três meses, enfrentando interrogatórios, torturas e as duras condições do cárcere político.

Foi uma das integrantes do Movimento Feminino pela Anistia, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”.

Apesar das violências sofridas, Amelinha manteve-se firme em sua luta pela democracia e pela justiça, tornando-se um símbolo de resistência e coragem.

Em 1990, foi nomeada pela Prefeita Luiza Erundina, membro da Comissão Especial de Investigação das Ossadas encontradas na Vala de Perus e continua na luta pelo reconhecimento dos abusos do período da ditadura e o movimento em busca das famílias

Movimento Feminista

Ainda na década de 1970, Amelinha iniciou sua forte atuação junto ao movimento feminista. Aprendeu, escreveu e mobilizou mulheres em busca de creche, superação da violência e direitos.

Junto com outras companheiras, fundou o jornal Brasil Mulher, em 1975, importante veículo de formação política que tratava dos mais diversos temas, do cotidiano à política, de discussões acadêmicas aos movimentos populares. Também participou do jornal Movimento e

Ajudou a fundar, em 1980, a União das Mulheres de São Paulo e na mesma década, atuou fortemente pela inclusão dos direitos das mulheres na Constituição Federal.

 

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Segunda edição do jornal Brasil Mulher, 1976

 

Promotoras Legais Populares (PLPs)

Amelinha sempre se manteve firme em sua atuação na defesa dos direitos das mulheres. Ao conhecer experiências latinoamericanas bem sucedidas de capacitação de mulheres para o exercício dos direitos, trouxe para o Brasil, junto com outras companheiras, o projeto Promotoras Legais Populares (PLPs), que reúne mulheres para atuarem como multiplicadoras de conhecimento sobre direitos e justiça. As PLPs são agentes transformadoras em suas comunidades, ajudando outras mulheres a enfrentar situações de violência doméstica, discriminação e desigualdade de gênero.

 

“Quando mais perto das mulheres jovens, mais eu aprendo. O movimento feminista tem muitos formatos, como um caleidoscópio: ora forma uma borboleta, ora uma flor. Como toda a humanidade, as feministas jovens são muito criativas – e estão formando novas imagens.” (Amelinha Telles em entrevista a Danielle Tega e Mabel Bellucci.)

Amelinha Teles é uma mulher que inspira não apenas por sua história de resistência, mas também por sua capacidade de transformar dor em luta e esperança. Sua trajetória é um testemunho vivo da importância da resistência política e da defesa intransigente dos direitos humanos. Através de seu trabalho com as PLPs, ela demonstrou que a educação e a solidariedade são ferramentas poderosas para a transformação social.

Hoje, Amelinha continua ativa em movimentos sociais, palestras e projetos que visam à promoção da justiça e da igualdade. Sua vida é um exemplo de como a coragem e a determinação podem mudar realidades, inspirando mulheres e homens a lutarem por uma sociedade mais justa e humana.

Amelinha Teles é, sem dúvida, uma mulher que inspira.

 

Fontes:

http://www.uniaodemulheres.org.br/

https://acervo.fpabramo.org.br/uploads/r/centro-sergio-buarque-de-holanda-csbh-fpa/7/e/3/7e36d52bbd35038185e013b4684b4b586088a1b4305c26ae01b68e6c62096f38/J_BMulher_1976_0002_baixa.pdf

https://www.brasildefato.com.br/podcast/bem-viver/2024/04/01/amelinha-teles-ainda-esperamos-politica-de-memoria-verdade-e-justica-sobre-a-ditadura/

TEGA, Danielle; BELLUCCI, Mabel. Entrevista com Amelinha Teles, N.2, Mai. – Ago. 2019 https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/download/36206/23186/160999

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