ATUALIZE O SEU CADASTRO

Empresa europeia torna-se alvo das brasileiras

SÃO PAULO - A crise financeira que se agravou na Europa tem trazido grandes oportunidades para empresas brasileiras no mercado de fusões e aquisições, de oferta pública de aquisição de ações (OPAs) e reestruturação societária. De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), as operações movimentaram R$ 25,3 bilhões no primeiro trimestre de 2010, o que representa um crescimento de 8,1% sobre igual período de 2009.

A participação das empresas brasileiras como compradoras de companhias estrangeiras chamou a atenção no primeiro trimestre de 2010, correspondendo por 86,2% do volume das aquisições. Companhias nacionais anunciaram a compra de seis empresas estrangeiras, num total de R$ 11,2 bilhões ou 44,2% do montante apurado no trimestre. Destacam-se as empresas de origem europeia, que representaram 83% dessa segmentação. No mesmo período de 2009, empresas americanas (57,7% das operações) e asiáticas (40,9%) foram as mais adquiridas por empresas brasileiras.

“Esta é uma tendência que vai se manter nos próximos trimestres. Vamos continuar a ver uma participação expressiva de companhias brasileiras na ponta compradora. A instabilidade que está atravessando o mercado europeu certamente vai fazer com que esta tendência se fortaleça. Acredito que vamos continuar vendo isso no segundo trimestre”, explica Bruno Amaral, coordenador da Subcomissão de Fusões e Aquisições da Anbima.

As transações anunciadas de valor superior a R$ 1 bilhão representaram 42,1% do total, enquanto no mesmo período de 2009 a participação de grandes transações no volume total foi de 27,3%. O percentual apurado no primeiro trimestre de 2010 para esse tipo de operação é também superior aos anos fechados da série apresentada. A maior operação registrada no primeiro trimestre, no valor de R$ 7 bilhões, foi a aquisição de 100% da Bunge Part. Invest. pela Vale.

“Em razão da crise do ano passado, grandes companhias congelaram sua participação em transações em relação a empresas menores. Para grandes empresas, a crise é uma oportunidade de rever seus planos e investimentos”, afirma Amaral.

Setorialmente, Química e Petroquímica registrou o maior volume anunciado em 2010, de 34,7%, seguido por Empreendimentos e Participações, com 27,8% e Agronegócio, com 19%.

“A operação de aquisição da participação da Petrobras na Quattor de 40% pela Braskem com montante de R$ 3,2 bilhões acabou influenciando o setor químico, assim como a aquisição das participações da Unipar detidas na Quattor Poliputenos e na Unipar Comercial pela Braskem no volume total de R$ 4,9 bilhões”, acrescenta o executivo.

Relatório Price

De acordo com o relatório de fusões e aquisições da PriceWaterhouseCoopers referente aos quatro primeiros meses de 2010, o quadrimestre registrou um total de 236 negócios concluídos, volume 39% maior que o mesmo período do ano passado e recorde histórico para o período.

O relatório também chama a atenção para a crescente participação de companhias brasileiras em empresas estrangeiras. O investidor nacional vem efetuando compras de participação, controladoras e minoritárias, no exterior. Internacionalização das empresas brasileiras representa cerca de 18% das transações anunciadas no período.

“Essa crise que estamos vendo recentemente está mostrando quanto as empresas estavam expostas. A crise pode criar oportunidades para os investidores brasileiros se fortalecerem na Europa. O problema é que na globalização os vasos se comunicam”, explica Alexandre Pierantoni, especialista em fusões e aquisições da PriceWaterhouseCoopers.

Segundo o estudo, o setor de Alimentos ficou com a maior participação por números de transações, correspondendo a 11%. Em seguida aparece o setor Química e Petroquímica, com 10%.

O setor de Tecnologia da Informação apresentou participação de 9% das operações, com destaque para as transações em software e sistemas de rede. Por fim, os setores de Bancos e Serviços representaram a 16% dos negócios. O destaque para Bancos ficou com Banco do Brasil e Bradesco, que foram a mercado.

Fonte: DCI

Compartilhe!