Banco do Brasil acerta compra da Nossa Caixa por R$ 5,3 bi
O Banco do Brasil (BB) anunciou nesta quinta-feira que acertou memorando de entendimento com o Estado de São Paulo para a aquisição do controle acionário da Nossa Caixa. O valor da operação é de R$ 5,386 bilhões.
O valor da operação por ação é de R$ 70,63 e o pagamento será feito em dinheiro em 18 parcelas mensais corrigidas pela Selic a partir de março de 2009. A transação, segundo a Nossa Caixa, está sujeita à aprovação pela Assembléia Legislativa paulista até 10 de março do ano que vem, prazo este que pode ser prorrogado.
O governo de São Paulo vai alienar 76.262.912 ações ordinárias da instituição, equivalentes a cerca de 71,2% do capital para o Banco do Brasil.
Pelo acordo, a Nossa Caixa será incorporada ao Banco do Brasil, que continuará prestando os serviços do banco estadual em todas as regiões onde está presente, mantendo políticas de fomento da instituição e assumindo operação de programas sociais paulistas administrados pelo banco.
O presidente do Banco do Brasil, Antonio Francisco de Lima Neto, afirmou à Globonews, após o anúncio da compra, que não há planos para fechamento de agências. O executivo disse que a sobreposição de agências entre os dois bancos é mínima e que o atendimento ao cliente da Nossa Caixa tende a melhorar com a utilização da tecnologia do BB.
Lima Neto prevê que o nome Nossa Caixa deve ser mantido por até um ano. O presidente do Banco do Brasil disse que a negociação corria há cerca de seis meses e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado nesta quinta sobre a conclusão do negócio.
Consolidação
O anúncio acontece pouco mais de duas semanas depois de o BB ter perdido a liderança no ranking dos maiores bancos do País, após o Itaú ter anunciado a fusão com o Unibanco.
Ao concretizar a compra da Nossa Caixa, o BB adquire R$ 53,4 bilhões em ativos, que somados aos seus R$ 459 bilhões resulta em uma instituição com cerca de R$ 513 bilhões, já contabilizados Besc e Banco do Piauí. O Itaú Unibanco tem R$ 575 bilhões e o BB precisaria de praticamente um Votorantim inteiro (R$ 73,4 bilhões em ativos, em junho) para ficar na sua frente.
Os ativos do Bradesco, o terceiro, eram de R$ 422,7 bilhões no final de setembro. Os números são os mais recentes informados por cada instituição à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
O Banco do Brasil anunciou em maio que havia proposto ao governo do Estado de São Paulo iniciar tratativas para comprar a Nossa Caixa.
Temendo que o componente político privilegiasse a venda da Nossa Caixa ao BB, as maiores instituições financeiras privadas do País fizeram, ainda em maio, um coro em defesa de um leilão do banco estatal paulista.
As conversas se estenderam por meses até que, após o anúncio da fusão entre Itaú e Unibanco, no inicio de novembro, aumentou a pressão para que o BB anunciasse a conclusão do negócio.
A expectativa de que o negócio fosse concluído levou a Nossa Caixa à maior valorização das ações negociadas no Ibovespa, que em cinco meses teve ganhos de 34,65%, atingindo cerca de R$ 51 (entre junho e 13 de novembro).
O governo também agiu de forma a incentivar a compra. No dia 12 de novembro, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o texto base da Medida Provisória (MP) 443 que autoriza o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal (CEF) a adquirirem instituições financeiras.
O relator da MP, deputado João Paulo Cunha (PT-SP) aceitou alterar o prazo da medida, que antes era de 31 de dezembro de 2011, prorrogável por dois anos. Agora, no texto aprovado, será de 30 de junho de 2011, prorrogável por mais um ano.
Fonte: Gazeta Mercantil.